Nenhum funcionário público de Criciúma, cidade no Sul de Santa Catarina, aderiu ao decreto do prefeito Clésio Salvaro (PSDB) que propôs um “lockdown sem remuneração”. A medida foi anunciada na quarta-feira, dia 17, mas não teve adesão do funcionalismo. A cidade tem o maior número de mortes registradas por Covid-19 na região e, assim como as demais regiões, está com hospitais lotados.
Declaradamente contra o lockdown em todo o município, Salvaro gravou vídeo em tom de desabafo e disse que “não há necessidade de parar a economia, nós precisamos continuar trabalhando” e diz que quem quiser se cuidar, em casa, não terá direito a salário.
– Não quer vir trabalhar? Não tem problema. Quer se cuidar? Ótimo, vai ficar em casa, mas não vai receber salário. É assim mesmo, porque é muito fácil pedir lockdown quando a geladeira está cheia e o salário garantido, então estou decretando lockdown na prefeitura, só que é voluntário, facultativo. Quer lockdown? Vai ter, só não vai ter salário – afirmou ao assinar o decreto.
Na prática, o decreto de Salvaro reconhece como de interesse público o pedido de licença sem remuneração que já estava previsto no estatuto dos servidores.
A medida foi vista como um ataque pelos representantes do funcionalismo público. “Ou morremos de coronavírus ou morremos de fome, é isso que o prefeito está propondo?”, questiona Jucélia Vargas Vieira de Jesus, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Criciúma e Região.
– É uma cortina de fumaça para desviar a atenção das próprias responsabilidades do prefeito. Nós estamos com leitos lotados, dois professores intubados. Ontem [segunda-feira] perdemos mais uma servidora. Não pedimos lockdown pelo lockdown, nem queremos ficar em casa. Queremos é cuidado com toda população. Nós fizemos pedidos para que as pessoas de risco pudessem trabalhar em regime home office, ou fossem afastadas, mas não isso que foi apresentado. Isso é uma afronta a todos os servidores que estão todos os dias correndo riscos na linha de frente – declarou Jucélia.
Com 217.311 habitantes, Criciúma está entre as cidades com maior índice de infectados com vírus ativo. Ao total, já são mais de 25 mil casos registrados na cidade e 300 mortes.
Todas as regiões de Santa Catarina estão com nível de alerta máximo para a Covid-19. O estado ainda tem filas de espera por leitos de UTIs e com mais de 30 mil pessoas com vírus ativo. O número de mortes no estado chegou a 9.651 nesta segunda-feira, 22. Mais de 40% das mortes no estado ocorreram em 2021.
*Estadão
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