O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, foi ovacionado após proferir uma palestra sobre o combate à corrupção a representantes de emissoras de rádio e televisão do Paraná.
Deltan é ovacionado
Dallagnol falou na abertura do Congresso Paranaense de Radiodifusão, organizado pelo Aerp (Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná). Disse que entendia o convite da associação como uma “expressão do compromisso da entidade com a busca de um país melhor”.
O procurador discursou para mais de uma centena de pessoas. Ao final de sua apresentação, recebeu inúmeros pedidos de fotos e palavras de apoio dos presentes no evento.
Dallagnol não quis responder perguntas de repórteres.
No Congresso, o procurador falou por mais de uma hora. Repetiu o conteúdo de outras palestras que costuma proferir, mas acrescentou temas atuais em sua apresentação.
Ele reclamou de ataques que a operação Lava Jato tem sofrido com base em diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil. “A Lava Jato tem sido alvo de acusações falsas feitas com base em mensagens descontextualizadas ou deturpadas”, disse o coordenador da Lava Jato.
Dallagnol disse também que existe hoje um ambiente de “revanchismo” contra a Lava Jato. Esse clima aumenta a pressão para que ele e outros procuradores membros da força-tarefa da operação sejam punidos pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) por conta de ato cometidos durante seu trabalho na Lava Jato e fora dela.
O procurador chegou a comentar a decisão tomada ontem pelo Senado de rejeitar a recondução do procuradores Lauro Nogueira Machado e Dermeval Farias Gomes para o CNMP. Os procuradores votaram contra representações de parlamentares contra o Dallagnol no passado.
“Ontem, foram rejeitados dois conselheiros do CNMP. As conversas de bastidores é que eles foram rejeitados justamente porque eles votaram a meu favor em processos”, afirmou. “Segundo relatos, eles recebiam pressão para votar de forma diferente.”
No CNMP, Dallagnol chegou a ser questionado sobre as palestras que costuma proferir em eventos como o da Aerp. Diálogos divulgados pelo The Intercept mostram que Dallagnol planejou lucrar com esse tipo de apresentação usando o prestígio que ele ganhou com a Lava Jato.
Dallagnol não foi punido. As queixas a respeito das palestras foram arquivadas pelo CNMP.
Dallagnol não quis responder perguntas sobre sua apresentação hoje no Congresso Paranaense de Radiodifusão. A entrada mais barata para o evento custava R$ 350.
Na sexta-feira, o mesmo congresso recebe o ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato.