O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), enfatizou, em entrevista à “BBC” durante viagem à Inglaterra, que “tem grande respeito” pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e que, mesmo que as supostas conversas divulgadas recentemente pelo site “The Intercept Brasil” sejam reais, o benefício que a Operação Lava Jato trouxe ao Brasil faz com que as ações do ex-juiz “tenham valido a pena”.
“Acho que, se algum erro foi cometido – isso ainda precisa ser apurado, dado que até o presente momento o vazamento desses áudios não são legais -, entendo que, mesmo assim, o benefício daquilo que foi feito pela Operação Lava Jato para salvar o Brasil da corrupção e de um extenso período que prejudicou milhões de brasileiros e assaltou os cofres públicos faz com que eu mantenha meu respeito por Sergio Moro”, disse Doria.
O tucano foi a Londres para uma rodada de reuniões em busca de investimentos e parcerias para a cidade de São Paulo. De acordo com o governador, Moro está sendo “um bom ministro”. Doria ressaltou ainda que a Lava Jato não teria tido tanta eficiência, prudência e isenção se não fosse pelo trabalho do ex-juiz e de outros desembargadores, promotores, juízes e policiais federais.
O tucano lembrou que o “The Intercept Brasil” não está amparado legalmente e que é necessário que a investigação prossiga. “Não é uma opinião de partido, mas uma opinião minha. Eu não deixo de apoiar Sergio Moro”, completou.
Reeleição
Doria destacou também que, pessoalmente, é contra a reeleição. Segundo ele, “todos os governadores e presidentes que foram reeleitos não cumpriram em seu segundo mandato uma tarefa melhor do que cumpriram em seu primeiro mandato”. “A instituição da reeleição é legítima, democrática, mas no Brasil ela não costuma funcionar bem”, afirmou.
Ele explicou ainda que, muitas vezes, em vez de o governo estar focado na gestão atual, está “pensando, trabalhando e e se mobilizando por uma reeleição”.
Reforma da Previdência
O governador já vem, há semanas, demonstrando o seu apoio à reinclusão dos estados e municípios na reforma da Previdência. Doria contou que tem dialogado quase que diariamente com líderes do Congresso Nacional, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e que isso dá a ele “a convicção de que a aprovação é iminente”. De acordo com ele, a aprovação na Câmara deve ocorrer, inclusive, na próxima semana.
“Após o recesso, num prazo de 30 a 40 dias, o Senado vai ratificar esta aprovação. Debaterá, cumprirá seu papel federativo, mas estou absolutamente convicto de que no mês de setembro já teremos a reforma da Previdência aprovada.”
Ele declarou que vinte e dois dos 27 governadores são favoráveis à inclusão dos estados e municípios, e apenas “cinco manifestaram posições contrárias, mas eu diria até não definitivamente contrárias”, afirmou.
“Eu ainda tenho a esperança de que estados e municípios possam ser incluídos no Senado, no plenário, para que a reforma da Previdência seja completa. Sendo completa, ela será mais duradoura: não será uma reforma para cinco anos, e sim uma reforma para dez a 20 anos.”