O que Bolsonaro disse em ato de 7 de Setembro no Rio de Janeiro – Gazeta Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou nesta quarta-feira (7) para manifestantes reunidos em um trecho da Avenida Atlântica em Copacabana, no Rio de Janeiro, para celebrar o bicentenário da Independência do Brasil, apoiar a candidatura à reeleição do presidente e pedir por eleições mais transparentes. Bolsonaro ressaltou, em especial, os bons dados recentes da economia brasileira e usou as informações para confrontar o ex-presidente Lula (PT), principal adversário na corrida eleitoral.

A íntegra do discurso está disponível ao final do texto.

“O Brasil está decolando, está no rumo certo”, disse o presidente no começo da fala em um caminhão de som. Ele enumerou realizações do governo no combate à inflação, auxílio aos mais pobres, agricultura e obras. Mais adiante, mirando as críticas da esquerda, pediu aos presentes para comparar a situação do Brasil com a de outros países da América Latina, como Venezuela, Argentina e Nicarágua.

“Todos são amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil. Não é apenas voltar à cena do crime. Esse tipo de gente precisa ser extirpado da vida pública”, declarou o presidente.

Bolsonaro sugeriu aos apoiadores “que não tentem convencer um esquerdista”. “Faça o contrário, peça para ele convencer um esquerdista. Não tem argumento. São cabeças vazias, que não têm nada a acrescentar”, declarou.

A fala do presidente teve menções indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e discordâncias a decisões de alguns magistrados, especialmente Alexandre de Moraes, que determinou busca e apreensão contra um grupo de empresários que teria discutido sobre a hipótese de um golpe de Estado em um grupo privado de WhatsApp.

Quais falas de Bolsonaro foram direcionadas a Lula e à esquerda

A referência de Bolsonaro a Lula foi feita em um momento em que ele sugeriu a apoiadores que comparem o Brasil com países da América do Sul. “Compare com a Venezuela, o que acontece na Argentina, e comparece com a Nicarágua. Em comum, esses países têm nomes que são amigos entre si”, declarou.

O presidente faz referência ao ditador venezuelano, Nicolás Maduro, ao presidente argentino, Alberto Fernández, e ao ditador nicaraguense, Daniel Ortega. Todos são nomes da esquerda política de seus países.

A associação entre Lula, Fernández e os dois ditadores são parte da estratégia da campanha de Bolsonaro para consolidar votos entre eleitores, especialmente os da classe média. Coordenadores eleitorais entendem que esse público pode ser mais suscetível ao discurso de “medo” associado a países que convivem com crise econômica, no caso da Argentina, e restrições de liberdades, como a religiosa, a exemplo de Nicarágua.

Outra menção de Bolsonaro a apoiadores de Lula foi quando disse que seu governo respeita a “carta à democracia”, em referência à Constituição. “O outro lado, que assina ‘cartinhas’, não respeita a nossa Constituição”, declarou. A fala é uma indireta aos manifestos pela democracia promovidos por diferentes instituições com o apoio de parte da sociedade civil.

O candidato também falou seu governo trata o povo com respeito e que, até o momento, são “três anos e meio sem corrupção”. “Isso não é virtude, isso é obrigação. Não adianta a esquerda nos atacar. Não estamos do lado da Venezuela, tampouco do lado da Nicarágua, que prende padre, expulsa freiras e fecha rádios de televisões católicas”, comentou.

Quais as referências de Bolsonaro a decisões de ministros do STF

As referências críticas ao STF e a decisões foram mais discretas. Bolsonaro disse que seu governo trouxe à população o conhecimento de “como funciona” a Presidência da República. Na sequência, disse que as pessoas sabem como funciona a Câmara dos Deputados, o Senado Federal e, também, “o Supremo Tribunal Federal”.

O presidente ficou em silêncio após citar o STF e permitiu ecoar as vaias da população presente. Em outro momento, Bolsonaro disse que esteve com empresários acusados de serem “golpistas”. Um deles foi o dono da Havan, Luciano Hang, que esteve com ele em Brasília e também no Rio de Janeiro.

“Pelo amor de Deus, estamos ao lado dessas pessoas que nada mais do que tiveram a sua privacidade violada. Nós não queremos que isso aconteça com vocês. Nós queremos que vocês cada vez mais tenham liberdade para decidir o seu futuro”, declarou.

Em seu discurso, Bolsonaro também comentou que seu governo “não permite qualquer controle das mídias sociais”. “As mídias sociais vieram para libertar a nossa população”, sustentou. O candidato disse que, se reeleito, vai trabalhar para que todos joguem “dentro das quatro linhas da Constituição”.

Nos últimos dias, duas decisões de ministros do STF causaram descontentamento em Bolsonaro, e menções e críticas a esses fatos podem estar nos pronunciamentos dele no 7 de setembro. Um desses fatos foi a autorização, dada por Alexandre de Moraes, de uma operação de busca e apreensão contra empresários acusados de defender um golpe de Estado em conversas de WhatsApp.

A outra decisão foi a suspensão de trechos dos decretos de armas por Edson Fachin – o ministro do STF argumentou em sua decisão que o objetivo da medida é garantir a segurança das eleições.

O presidente fez críticas a essas decisões. No sábado (3), Bolsonaro falou de “canetada” de “vagabundo” ao se referir à decisão de Alexandre de Moraes. E, na segunda, após a decisão de Fachin, fez uma série de críticas ao que chamou de “ação autoritária” nas redes sociais. Bolsonaro disse que “abusos podem ser cometidos sob o pretexto de enfrentar abusos”.

O que Bolsonaro falou às mulheres, aos pobres e sobre economia

Ao longo de suas falas, Bolsonaro também falou muito sobre economia. Declarou que o país tem tudo para “decolar” e ser uma das principais potências econômicas do mundo. Segundo ele, os indicadores econômicos registrados “invejam o mundo todo”.

“Teremos inflação este ano sim, mas muito menor do que a Europa e até mesmo os Estados Unidos. Isso é comprometimento, é trabalho, é dedicação, é honestidade acima de tudo. Também hoje você sabem que o Brasil está decolando. O Brasil está no rumo certo. O Brasil, hoje, além de referência, é admirado por todos os países”, afirmou.

A fala sobre economia também está alinhada com as estratégias eleitorais da campanha. Recentes indicadores sobre mercado de trabalho, inflação e crescimento econômico serão usados pela campanha para mostrar que o Brasil está recuperando sua atividade e recolocando o país nos trilhos, a despeito da alta inflação de alimentos e do rendimento médio real (já descontado a inflação) em níveis de 2012.

Segundo Bolsonaro, seu governo “deu o seu exemplo” ao falar sobre como a gestão trabalhou para atender os mais pobres. “Somos, hoje, referência para o mundo todo. Atendemos aos mais humildes, aos mais necessitados, quando erraram lá atrás com a política do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’. Atendemos 68 milhões de pessoas com o Auxílio Emergencial. Nosso povo estava condenado a passar fome, atendemos aos mais humildes, aos mais necessitados”, comentou.

A declaração de Bolsonaro sobre o atendimento aos mais humildes e necessitados, bem como a referência a forma como os auxílios Emergencial e Brasil evitaram o aumento da fome no Brasil, também fazem parte de uma estratégia da campanha para rebater acusações de presidenciáveis e opositores do governo sobre a extrema pobreza e a insegurança alimentar.

Em uma referência sobre segurança alimentar, Bolsonaro disse ter ido à Rússia negociar a compra de fertilizantes, “mesmo com quase toda a imprensa contra e o mundo também”. “Garantimos a nossa segurança alimentar e a segurança alimentar de mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo”, destacou. Na ocasião, ele enalteceu sua política externa e a classificou como “inigualável”.

O discurso de Bolsonaro também teve acenos às mulheres, grupo prioritário para coordenadores eleitorais de Bolsonaro que sempre costuma ser inserido em falas sobre economia, acerca de pautas sociais, ou em falas conservadoras, referentes à família, como ocorreu nesta quarta-feira.

“Nós defendemos a vida desde a sua concepção. Não existe no nosso governo a ideia de legalizar o aborto. Nós sabemos o que uma mulher passa, uma mãe quando tem dentro de casa um filho no mundo das drogas. Por isso, o nosso governo não aceita sequer discutir a legalização das drogas”, declarou.

No Rio, Bolsonaro fez motociata e participou de solenidades do Bicentenário

Bolsonaro chegou ao Rio de Janeiro no começo da tarde, depois de participar do desfile de 7 de Setembro em Brasília e de discursar para apoiadores na capital federal (veja como foram as manifestações e o discurso do presidente em Brasília).

“Comemorando o 7 de Setembro e também a manutenção da nossa liberdade”, disse ele à imprensa antes de subir numa moto para acenar aos apoiadores. Do local, Bolsonaro seguiu em motociata até o forte de Copacabana, onde participou de um evento militar em comemoração aos 200 anos de Independência.

Veja abaixo a íntegra do discurso de Bolsonaro em Copacabana, no Rio de Janeiro:

“Brasil, terra prometida. Rio de Janeiro, pedaço desse
paraíso.

Obrigado, Deus, pela minha segunda vida. Obrigado pela
missão que me deste para comandar essa grande nação. Não tem preço andar pelos
quatro cantos deste país e encontrar uma população alegre, trabalhadora,
pacífica e patriota. Pintada com as cores verde e amarela da nossa bandeira.

O Brasil é um país fantástico. Ninguém tem o que nós temos: recursos minerais, água potável, terras quase incontáveis, clima aprazível. Ninguém tem o que o Brasil tem. Costumo dizer: olhe o que Israel não tem e veja o que eles são. Agora olhem o que nós temos e o que ainda nós não somos.

O que faltava para nós? Faltava acordarmos da letargia,
da mentira, das palavras bonitas, mas de muita enganação sobre a sua população.

Não sou muito bem-educado. Falo palavrões. Mas não sou
ladrão. O governo que teve a coragem de escolher um grupo de ministros nunca
visto na história do Brasil. Pessoas competentes, honradas e patriotas que
aceitaram também essa missão de me ajudar a colocar o Brasil

O nosso governo deu o seu exemplo. Somos hoje referência
para o mundo todo. Atendemos aos mais humildes, aos mais necessitados. Onde
erraram lá atrás com a política do “fique em casa, a economia a gente vê
depois”. Atendemos 68 milhões de pessoas com o Auxílio Emergencial. Nosso povo
estava condenado a passar fome. Atendemos aos mais humildes, aos mais
necessitados.

O Brasil hoje, os seus números da economia invejam o
mundo todo. Teremos inflação nesse sim, mas muito menor do que a Europa e do
que até mesmo os Estados Unidos. Isso é comprometimento, é trabalho, é
dedicação, é honestidade acima de tudo.

Também hoje vocês sabem que o Brasil está decolando, o
Brasil está no rumo certo. O Brasil, hoje, além de referência, é admirado por
todos os países. Temos uma política externa inigualável. Fomos negociar com a
Rússia fertilizantes para o Brasil, mesmo com quase toda a imprensa contra, e o
mundo também. Garantimos a nossa segurança alimentar e a segurança alimentar de
mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo.

Mais do que as questões materiais, nós nos preocupamos
também com a tradição do nosso povo. Nós somos um governo que sabe que nosso
estado é laico, mas o seu presidente é cristão. Nós defendemos a vida desde a
sua concepção. Não existe no nosso governo a ideia de legalizar o aborto. Nós
sabemos o que uma mulher passa, uma mãe quando tem dentro de casa um filho no
mundo das drogas. Por isso o nosso governo não aceita sequer discutir a
legalização das drogas.

O nosso governo defende crianças em sala de aula. Não
admitimos levar avante a ideologia de gênero. Os nossos filhos são o nosso
patrimônio, e na escola é lugar de o garoto buscar conhecimento. Educação quem
dá é o pai e a mãe.

O nosso governo também respeita a propriedade privada. O
nosso governo botou um fim nas invasões do MST. Vocês não ouvem mais falar de
invasão do MST pelo Brasil. Demos dignidade aos assentados titulando terras
para eles. O nosso governo também levou água para os nossos irmãos nordestinos
com a transposição do rio São Francisco. O nosso governo ressuscitou o modal
ferroviário no Brasil.

O nosso governo trata o povo com respeito. Repito: três
anos e meio sem corrupção. Isso não é virtude, isso é obrigação. Não adianta a
esquerda nos atacar. Não estamos do lado da Venezuela, tampouco do lado da
Nicarágua, que prende padres, expulsa freiras e fecha rádios e televisões
católicas. O nosso governo respeita a sua Carta à Democracia, que é a nossa
Constituição. O outro lado, que assina cartinha, não respeita a nossa
Constituição.

A imprensa, por mais que possa errar, defenderei até o
último momento o direito de imprensa livre para que possa levar informações a
vocês, e vocês decidirem se a imprensa está transmitindo informações
verdadeiras ou não.

Eu tenho orgulho de, no nosso mandato também, fazer
ressurgir no Brasil o patriotismo. Hoje, quando ando pelo Brasil, e pouso de
helicóptero num canto qualquer sempre vejo nas portas da fazenda uma vara de
bambu e uma bandeira verde e amarelo lá na frente.

Somos um grande país. Temos tudo para realmente
decolarmos, sermos mais do que a décima potência econômica. Temos como ser uma
das primeiras potências econômicas. Estamos fazendo isso, estamos trabalhando.
Vocês sabem o que está acontecendo.

O nosso governo não permite qualquer controle das mídias
sociais. As mídias sociais vieram para libertar a nossa população. Esperem uma
reeleição para vocês verem se todos não vão jogar dentro das quatro linhas da
Constituição.

Fizemos a campanha com João 8:32: “E conhecereis a
verdade, e a verdade os libertará”. Depois passamos para outra passagem
bíblica, que diz: “Por falta de conhecimento meu povo pereceu”. Mostramos para
vocês o conhecimento de como funciona a presidência da República. Hoje vocês
sabem também como funciona a Câmara dos Deputados, sabem como funciona o Senado
Federal, e sabem também como funciona o Supremo Tribunal Federal. O
conhecimento liberta. O conhecimento nos faz ganhar alturas. O conhecimento
garante a nossa liberdade.

Hoje vocês sabem como é difícil, como presidente da
República, estar defendendo esse bem maior, maior que a nossa própria vida, que
é a nossa liberdade. Ela não tem preço. Se você na vida perder todos os seus
bens, lá na frente você pode recuperá-los se tiver liberdade. Se você perder a
liberdade, você perdeu tudo na vida.

Compare o Brasil com os países da América do Sul, compare
com a Venezuela, compare com o que está acontecendo na Argentina, e compare com
a Nicarágua. Em comum esses países têm nomes que são amigos entre si. Todos esses
chefes de Estado dessas nações são amigos do quadrilheiro de nove dedos que
disputa a eleição no Brasil.

Não é voltar apenas à cena do crime. Esse tipo de gente
tem que ser extirpado da vida pública. Eu peço a vocês que não tentem convencer
um esquerdista. Fale o contrário, fale para ele convencer você a ser
esquerdista. Vejam os argumentos deles, o que eles têm para falar para vocês. Não
tem argumento. São cabeças vazias, pessoas que não têm nada a acrescentar. E
depois que ele tentar te convencer, fale para ele onde que ele está errado.

Porque eu sou o presidente da República de 215 milhões de
brasileiros. Eu não quero o mal para essas pessoas, eu quero o bem delas. E
elas têm que ter sua mente aberta, têm que conhecer a verdade, têm que ter
conhecimento para que possam, então, estar do lado certo.

Vocês sabem que sem economia o povo sofre, e não queremos
sofrimento do nosso povo. Hoje estive em Brasília com os empresários acusados
de golpistas. Pelo amor de Deus. Estamos do lado dessas pessoas que nada mais
tiveram do que a sua privacidade violada. Nós não queremos que isso aconteça
com vocês. Nós queremos que vocês cada vez mais tenham liberdade para decidir o
seu futuro.

Indo para o encerramento. Nesse momento de decisão, e
vocês sabem que nós somos escravos das nossas decisões, pesem, vejam a vida
pregressa. Não só pessoal, mas também ao longo do seu respectivo mandato para
vocês poderem bem fazer as suas decisões.

Eu tenho certeza que vocês sabem o que devemos fazer para
que o Brasil continue no caminho em que está. Vocês sabem também que hoje nós
temos um governo que acredita em Deus, que respeita seus policiais e militares.
Sabem que esse governo defende a família brasileira. E o que é mais importante:
é um governo que deve lealdade ao seu povo. Eu irei para onde vocês apontarem.
Tenho a certeza: teremos um governo muito melhor numa nossa reeleição com a
graça de Deus.

A todos vocês, do Rio de Janeiro do meu Brasil, muito
obrigado por esse momento. Glória ao nosso Deus por este momento fantástico que
estamos vivendo. Voltamos a falar de política em praça pública. Voltamos a
acreditar nessa política tão desacreditada em nosso país. Voltamos a sorrir,
voltamos a discutir política com responsabilidade. Tenho a certeza de que atingiremos
não o meu, mas o nosso objetivo para o bem da nossa pátria.

Muito obrigado, meu Rio de Janeiro. Hoje à noite estarei
no Maracanã assistindo mais uma vitória do Flamengo para que no final o nosso
Flamengo venha a ser mais uma vez campeão do mundo, lá no Catar.

Muito obrigado a todos vocês. Brasil acima de tudo, Deus
acima de todos”.

O que Bolsonaro disse em ato de 7 de Setembro no Rio de Janeiro

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