Uma matéria exclusiva publicada pelo Estadão nesta segunda-feira (13) revelou que assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, receberam a visita, por duas vezes este ano, de Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico amazonense” e integrante do Comando Vermelho. As reuniões ocorreram nas dependências do ministério, com dois secretários e dois diretores de Dino, embora o nome de Luciane não conste das agendas oficiais.
Apesar do Ministério da Justiça admitir que Luciane foi recebida por secretários do ministro Flávio Dino, alega que ela integrou uma comitiva e que era “impossível” o setor de inteligência detectar previamente sua presença.
Luciane é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, considerado o “criminoso número um” na lista de procurados pela polícia do Amazonas, até ser preso em dezembro passado. Ela e o marido foram condenados por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Tio Patinhas cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé (AM), enquanto Luciane aguarda julgamento em liberdade.
A reportagem destaca que, no dia 19 de março, Luciane se reuniu com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino. Posteriormente, em 2 de maio, encontrou-se com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Velasco, escolhido por Dino, anteriormente trabalhou com o ministro no governo do Maranhão e assumiu a Senappen quando Dino assumiu o Ministério da Justiça, sendo responsável por toda a política federal para o setor prisional.
O Ministério da Justiça, por sua vez, se pronunciou sobre o assunto. Eis a nota na íntegra:
“No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.
A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.
Por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
A agenda na Senappen e da ANACRIM aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da ANACRIM.
Não houve qualquer outro andamento do tema.
Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidades de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota.
Todas as pessoas que entram no MJSP passam por cadastro na recepção e detector de metais.”