Ocupando um dos cargos mais importantes do cenário político, Raquel Elias Ferreira Dodge, primeira mulher a comandar a Procuradoria Geral da República, foi escolhida por Michel Temer e termina seu mandato na PGR em setembro deste ano, sem sequer indicar qualquer vontade para ser reeleita.
Ela estava em segundo lugar na lista encaminhada ao ex-presidente Michel Temer – que rompeu uma tradição de 14 anos ao não escolher o primeiro nome da lista, Nicolao Dino -. Foi a segunda vez em que seu nome estava presente na lista tríplice. Em 2015, ocupou o terceiro lugar, com base nos votos de mais de 1200 procuradores.
Formação de Raquel Dodge
Raquel nasceu no estado de Goiás, em Morrinhos, no dia 26 de julho de 1961. Filha de José Rodrigues Ferreira, também advogado, e com mais três irmãos, Raquel Dodge seguiu os passos do pai.
Seu pai, aprovado em concurso público para juiz, mudou-se para Tocantis, em Araguacema, depois voltou para Goiás e, por fim, se estabeleceu em Brasília, onde entrou no Ministério Público Federal.
Graduada em direito pela Universidade de Brasília, se preparou para a carreira desde a adolescência. Entrou para o Ministério Público em 1987, com apenas 26 anos.
Raquel Dodge casou-se com um cidadão americano residente no Brasil em 1992, mas isso não foi empecilho para que ela desse continuidade à carreira ou aos estudos. Dodge, então, transferiu-se temporariamente – com o marido e seus dois filhos – para os Estados Unidos, onde cursou o Mestrado em uma das universidades mais conceituadas de todo o mundo, Harvard.
Raquel Dodge e o Ministério Público
Além de atuar em casos relacionados aos indígenas e à violação de direitos humanos, como escravidão, Raquel Dodge coordenou, em 2009, a força-tarefa intitulada Operação Caixa de Pandora.
A operação, deflagrada no mesmo ano e organizada pela Polícia Federal, tinha como objetivo investigar a distribuição de uma série de recursos ilegais destinados ao Governo do Distrito Federal.
José Roberto Arruda, governador da época, repassou cerca de R$400 mil reais para o então Chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel. Arruda, após as investigações coordenadas por Dodge, foi condenado e preso.
A dama de ferro na PGR
Conhecida no Ministério Público Federal como Dama de Ferro, por ser extremamente técnica, qualificada e, sobretudo, radical no que diz respeito ao combate à corrupção, Raquel Dodge é responsável pelo avanço das investigações na Operação Lava Jato.
Dodge, criou recentemente, um sistema para monitorar todos os acordos de delações premiadas da Lava Jato, como forma de controlar e garantir a relevância dessas colaborações, que já somam mais de 216 envolvidos – com mais de 900 depoimentos. Além disso, o sistema também permite o monitoramento dos acordos e pagamentos – entre valores a serem devolvidos e multas sob os crimes -.
Contudo o mandato da Procuradora-Geral da República terminará este ano e sua sucessão já está causando burburinhos no Ministério Público Federal. Isso porque Dodge não deu nenhum indício sobre uma possível recondução e muito tem se falado sobre Deltan Dallagnol, também envolvido na operação Lava Jato, como um possível sucessor da PGR. Confira aqui a trajetória de Dallagnol.
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