Semana passada, em minhas redes sociais, eu sugeri que organizássemos em nossas paróquias o Cerco de Jericó.
Mas o que é isso?
O Cerco de Jericó consiste numa semana incessante de batalha espiritual, com oração pessoal, Missa diária, visita ao Santíssimo, vigílias e o Terço de Nossa Senhora.
O Cerco recorda a conquista de Jericó, que era uma cidade murada que havia se fechado diante dos israelitas, de onde ninguém podia sair nem entrar. Os judeus eram liderados por Josué (Js 6, 1ss), sucessor de Moisés, e o plano da vitória foi revelado por Deus, de forma concreta e detalhada.
Durante 6 dias o povo deveria dar uma volta em torno da cidade. No sétimo dia, sete voltas. Durante a sétima volta, ao som da trombeta, todo o povo levantou um grande clamor e, pelo poder de Deus, as muralhas de Jericó caíram.
Outra origem para a expressão “Cerco de Jericó” é a oração que se faz durante 7 dias para pedir a renovação do Espírito Santo, praticada pela beata italiana Elena Guerra, religiosa do século XIX. [30]
Devido à dedicação exigida pelo Cerco, ele é utilizado apenas para questões de interesse da comunidade ou de grande apelo das pessoas envolvidas.
Para fazer o Cerco de Jericó [10], alguns preparativos são necessários como local isolado, listagem das intenções, organização dos dias de participação, jejum, etc. [20]
Na semana passada, quando a hashtag #OrePeloBrasil sequer havia sido usada, senti-me impelido a incentivar as pessoas, no Twitter e Gab, redes onde concentro minhas participações, a organizarem em suas comunidades essa oração comunitária.
Para meu espanto, após alguns dias, comecei a ver sugestões de orações pelo nosso Presidente começarem a aparecer na rede do passarinho azul. Em comparação a outros perfis, não tenho tantos seguidores assim (pouco mais de 3 mil), portanto, o mérito não é meu, e creio que eu tenha sido apenas um instrumento de uma ação maior.
Enquanto eu estava na Santa Missa, senti a inspiração desse tema para meu artigo semanal. E qual não foi meu espanto ao ver outros colunistas sugerindo que orássemos por nosso Presidente! E quase caí para trás quando vi que um pastor americano disse que Bolsonaro foi escolhido por Deus.
Temos testemunhado as críticas de ex-aliados, que se elegeram graças ao declarado apoio ao nosso Presidente, mas quase todos os dias ele vem recebendo novas facadas.
Ouvimos diversos absurdos como por exemplo, que seria um tiro no pé, enquanto tramita a aprovação da Reforma da Previdência, organizar uma manifestação de rua desse porte. Nossos políticos acham que conseguiram mover a Janela de Overton o suficiente a ponto de vir a público dizer um absurdo desse tamanho?
O Congresso foi eleito para votar projetos de interesse do país, não para trocar votos por afagos nossos ou por cargos, como era antes. Será que não entenderam o recado das urnas? O brasileiro está cansado dessas décadas de toma lá, dá cá.
Nós (sim, nós, não foi nenhum movimento de rua, como afirmam!) já derrubamos presidentes corruptos e não precisamos de movimentos que se acovardam diante da batalha que se aproxima. Certamente que o apoio deles facilitaria o nosso trabalho, porém a ausência não o inviabiliza, podemos nos organizar sozinhos.
Uma das críticas que ouvi de um dos líderes desse movimento (que está com pedido de licença de funcionamento como partido; tire você a conclusão que quiser), que hoje é deputado federal, foi que não apoiava a invasão do STF.
Se não querem que se invada o STF (assim como eu), por que, estando tão perto da casa que cuida dos pedidos de impeachment há anos engavetados, não pressionaram, juntamente com os Senadores, Davi Alcolumbre, Presidente do Senado, a colocar em pauta a votação dos inúmeros pedidos de impeachment que há anos estão lá engavetados? [40]
Quando esse mesmo movimento organizou outras manifestações de rua, haviam grupos que defendiam a intervenção militar, por exemplo. Por que então não deixaram de apoiar as manifestações naqueles momentos? Por que o posicionamento não foi o mesmo?
E notem que não estou nem entrando no mérito de isso ser uma fakenews, pois essa acusação não está na pauta.
“O Senhor disse a Josué: ‘Vê: entreguei-te Jericó… Dai volta à cidade vós todos, homens de guerra…’” (Josué 6, 2-3)
Nosso Presidente não pode, pela posição que ocupa, incentivar manifestações contra nenhum dos poderes porque isso é motivo de de impeachment. Por isso, precisa de nosso apoio e agora é o momento.
Sabíamos que a batalha não seria fácil, pois foram décadas de formação de um emaranhado de aparelhamento do Estado (nos 3 Poderes), das grandes mídias, da Educação, etc. numa aplicação quase perfeita do gramscismo [50] que já começava a apresentar resultados.
Porém essa sintonia em torno da percepção da necessidade de oração nos faz perceber que essa luta não é apenas contra homens, mas algo muito mais profundo. Não é uma luta apenas física (com os protestos pacíficos das passeatas), não apenas retórica (contra os argumentos, algumas vezes vazios, outras vezes que demandam conhecimento e raciocínio lógico), mas também espiritual.
Nosso Presidente está na linha de frente e nós na retaguarda temos que dar um basta nisso que se transformou o Estado brasileiro. É preciso que as instituições voltem a funcionar como devem.
Para nós, cristãos, a queda das muralhas de Jericó é uma referência de incentivo à persistência e união do povo. Ela é a certeza de que o Senhor nos ouve e responde ao clamor dos seus. Porém para isso é necessário que dobremos os nossos joelhos, e juntos cerquemos Jericó. Feliz a nação que ora por seus governantes.
Essa luta não é só de “César”.
PS Uma dica contra os vândalos na manifestação de amanhã (e nas próximas): ao identificar alguém depredando algo, todos devem sentar-se no chão. Desta forma a polícia conseguirá facilmente identificar e isolar o arruaceiro.
Não deixem de comentar com as pessoas à sua volta sobre o RAP para que possamos colocá-lo nas próximas pautas de manifestação de rua, caso contrário, continuaremos enxugando gelo. Façamos dele uma campanha.
[10] Fórmula de Oração do Cerco de Jericó para Leigos [20] Cerco de Jericó [30] Livro Cerco de Jericó – O caminho da vitória, Pe. Alberto Gambarini, Ed. Ágape. [40] Olimpo [50] Entre ursos e pinguins