Para o vice-presidente da FPA, deputado Evair de Melo, os números demonstram que estamos diante de um problema localizado no Estado
O endividamento dos produtores rurais capixabas foi tema de uma reunião nesta quarta-feira (13) no Ministério da Agricultura com a ministra, Tereza Cristina, o vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Evair de Melo (PP-ES), o presidente da Federação da Agricultura do Espírito Santo (FAES), Júlio Rocha, e representantes da Associação Agricultura Forte, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e do Sistema das Organizações das Cooperativas do Brasil (OCB), além da equipe técnica do Ministério.
Evair de Melo informou que a ministra ficou impressionada com os números e prometeu providências.
Ela já requisitou ao secretário de Política Agrícola, Eduardo Sampaio, para estudar o caso e dar atenção ao assunto.
Dados do Banco Central apontam que em 2018 foram contratadas apenas 28,9 mil operações, uma queda de 58%, quando comparado com as 68,8 mil operações contratadas em 2014.
No montante aplicado, a redução foi de R$ 2,6 bilhões para R$ 1,7 bilhão, no mesmo período.
Para o vice-presidente da Associação Agricultura Forte, Edvaldo Permanhane, o saldo da reunião foi bem positivo para os rumos do crédito rural.
“Estabelecemos um diálogo franco com a ministra Tereza Cristina e com várias pessoas dentro do Ministério e acreditamos que não serão medidos esforços para que encontrem garantias aos agricultores capixabas, que enfrentam várias adversidades”.
Ao somarmos todas as reduções anuais das aplicações de 2014 a 2018, em relação a 2014, R$ 3,4 bilhões deixaram de ser aplicados nas diversas cadeias produtivas do agronegócio estadual. Nos últimos quatro anos a participação no uso do crédito rural pelos capixabas, em relação aos totais nacionais, despencou de 2,7% para 1,6% no número de operações, e de 2,2% para 1,3%, no montante aplicado.
Crise Hídrica
Entre o final de 2014 até o início de 2017, o Espírito Santo passou pela maior seca dos últimos quarenta anos, com impactos negativos para toda a sociedade capixaba.
No meio rural, os reflexos da seca são sentidos sentido até hoje. Todas as atividades agropecuárias tiveram perdas de produção que variaram de 30 a 100%, em todas as regiões do estado.
Em documento apresentado à ministra, Evair destaca que a “agropecuária capixaba foi muito dinâmica e contou com elevados investimentos com recursos próprios dos produtores e também com o apoio de uma carteira de crédito rural ativa de R$ 5,9 bilhões, com 167 mil contratos firmados com os agropecuaristas, no ano de 2014. De 2014, essa carteira de crédito decresceu e a grande preocupação do setor produtivo são as dividas acumuladas e falta de recursos para investimento e custeio em suas atividades, a maior parte em cultura permanente, dada às características do estado.
O parlamentar capixaba ressaltou que os números demonstram que estamos diante de um problema tipicamente localizado no Espírito Santo. “Solicitamos o auxilio e a atenção do Ministério da Agricultura para as nossas reivindicações, tendo em vista a urgência de se encontrar uma solução eficiente que dê aos produtores rurais brasileiros melhores condições de vida, trabalho e renda”.
“Para a maioria das mais de 100 mil propriedades rurais capixabas, o esforço para pagar as dívidas de crédito rural está associada à perda de patrimônio, descapitalização, desinvestimento e desemprego. Em outras palavras, há riscos de se atingir um caos social e econômico sem precedentes no rural capixaba. Queremos o mesmo tratamento que outros Estados e regiões têm do Governo Federal diante desses momentos de anomalias climáticas, a exemplo da região Nordeste do Brasil, que normalmente é contemplada em pleitos semelhantes”, destacou o parlamentar capixaba.