Se a ideia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de promover o financiamento do gasoduto para gás natural na Argentina realmente seguir em frente, o petista estará contradizendo sua própria agenda de campanha e de governo relacionada ao meio ambiente. A razão para isso decorre da forma como o gás é explorado no país vizinho.
A reserva de Vaca Muerta, no oeste da Argentina, de onde se origina o gasoduto que Lula prometeu financiar com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é uma formação geológica rica em gás e óleo de xisto. O xisto, por sua vez, é uma rocha metamórfica com aspecto folheado que pode abrigar gás e óleo em frestas.
No entanto, para extrair o óleo e o gás há um processo que é considerado muito danoso ao meio ambiente, cujo nome é conhecido em inglês como “fracking”. Na prática, essa técnica consiste em “quebrar o solo”, primeiro a partir de uma perfuração vertical e, após determinada profundidade, a partir de uma perfuração horizontal.
No processo de obtenção dos elementos oriundos do xisto, porém, são inseridos produtos químicos e água para que sejam liberados gás e óleo que possam estar “presos” entre as rochas. Muito usado nos Estados Unidos, o processo é questionado, por exemplo, por liberar “ar tóxico na atmosfera”, como ressalta um texto da Escola de Saúde da universidade norte-americana de Yale.
– O processo requer grande volume de água, emite gases que provocam o efeito estufa, como o metano, libera ar tóxico na atmosfera e produz barulho. Estudos indicam que esse tipo de operação para extrair óleo e gás podem levar a perda dos habitats de plantas e animais, declínio das espécies, disrupções migratórias e degradação da terra – diz o texto da universidade.
Processo conhecido como fracking, usado para extrair gás de xisto, pode liberar ar tóxico na atmosfera
Extração de gás natural (Imagem Ilustrativa) Foto: Pixabay
Gás natural da Argentina é mais poluente que o usado no Brasil
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