Sem conseguir falar com o Cras, o morador resolveu pedir ajuda ao jornal que entrou em cena
“Bom dia Luciana gostaria se possível te passar uma situação que acho que a população de Anchieta não sabe, já por vários meses estou tentando pegar um cesta básica e não consigo, pois é direito nosso e tenho criança em casa, hoje já liguei 34 vezes e ninguém atende, conforme me orientaram para ligar para o Cras e agendar, depois que fizeram algumas mudanças lá, a grande maioria da população está reclamando gostaria que você, se puder averiguar isso que mencionei acima pois vou colocar no Facebook também. Socorro Luciana, me ajude a divulgar isso. Kd vc, responde por favor”, mensagem do cidadão.
Este desabafo e pedido de socorro é do cidadão Paulo Fábio Escócia Campello que reside no Centro de Anchieta. Ele entrou em contato com o WhatsApp do Jornal Espírito Santo Notícias na manhã desta segunda-feira, 05 e fez um apelo desesperado, disse que ligou 37 vezes para o Cras e nenhuma delas ele foi atendido.
Com a dispensa vazia, sem trabalho e desassistido completamente pela Assistência social do município ele pediu ao jornal que intercedesse por ele.
O número que o cidadão anchietense ligou é 28- 999455863 e também o 28-35363770. A Reportagem também ligou diversas vezes e ninguém atende, os números nem tocam.
A tarde o jornal conseguiu falar no número 28- 99906 -3195, mas a atendente deixou claro que para moradores do centro as vagas de atendimento tinham acabado, o número é limitado. Era para ligar novamente na segunda-feira próxima.
Mãe de quatro filhos desempregada também precisa ser atendida
Uma moradora que reside no bairro Nova Anchieta há 30 anos está passando por uma situação bem difícil. Ela pediu para não tr o nome divulgado, mas contou ao jornal que desde antes do natal não recebe uma cesta básica, e o pior, está desempregada e com quatro filhos e doente. “Não fui atendida nem mês passado, nem este mês. Que eu me lembro eu peguei uma cesta bem antes do natal. Estou desempregada já um bom tempo. Cada dia que passa a situação está mais difícil, estou aguardando uma assistência sobre a minha casa que está debaixo de água. Está difícil para todos, a gente sabe disso. Estamos aguardando como as outras famílias que estão na mesma situação que eu também”.
A anchietense quer trabalhar, não quer apenas comida e nem viver de assistência social. Porémnão consegue nada. “Eu quero trabalhar. Muitos pensam que a gente só quer ficar dentro de casa e receber, a situação não é essa. A gente não sabe mais o que fazer. Eu sou mãe de quatro filhos. Eu coloco curriculum em tudo quanto é lugar, mas telefone tocar para chamar para trabalhar tá difícil. Eu vou em tudo quanto é lugar. A gente vira as costas e eu acho que o curriculum vai para o lixo. A gente nunca tem oportunidade de trabalhar, tem de viver de que, de pedir? Esperar quando puder ganhar? Todo mundo tem direito de sobreviver, todo mundo tem direito de trabalhar. Eu me encontro com problema de saúde. Saio para a rua sem destino. Olho para o lado, está tudo fechado. Não tenho a quem recorrer, só Deus. Estou com as pernas todas inchadas, tô sentindo calafrio, já não sei o que eu tenho mais. Semanas dentro de casa arriada, nervosismo, já está atingindo o psicológico da população, ficar dentro de casa, estamos aguardando esta vacina, mas a gente ainda não está no grupo de prioridade. A doença não escolhe quem está levando”.
A moradora de Nova Anchieta garante que é difícil ficar dentro de casa sem assistência. “Tem muita gente precisando. A gente precisa trabalhar, a gente não precisa só de comida. Neste momento muitas pessoas que estão cadastradas no Cras não têm condições de ir em supermercado fazer compra. Depois que começou a pandemia os preços dispararam”, desabafou.
Sem sucesso
A redação entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura e solicitou o contato da coordenadora do Cras. Tão logo o contato foi passado a jornalista solicitou um horário com a coordenação do Cras para traduzir a população como tem sido feito os atendimentos que deveriam ser agendados por telefone.
Depois da jornalista entrar em cena, Paulo enviou mensagem ao jornal dizendo que conseguiu falar no Cras e que foi marcado para quinta-feira. Logo em seguida, Paulo disse que o Centro de Referência pediu que ele fosse pessoalmente na terça-feira, 06.
A Reportagem insistiu para falar com a coordenadora do Cras, enviou mensagem, ela visualizou e não respondeu. Na primeira mensagem a jornalista se identificou e disse que estava com várias reclamações de moradores que estão com muitas dificuldades de falar no Cras e os fones não atendem. Disse a jornalista à coordenadora que são pessoas que estão passando por extrema necessidade de alimentos. “Hoje um cidadão me ligou e disse que ligou 37 vezes, e ele não consegue falar com vocês. Eu quero ir ai para ver como estão sendo feito este atendimento, como a Assistência está lidando com a questão da pandemia, como está ocorrendo a distribuição das cestas, e como estão fazendo com a questão dos outros benefícios, como vocês tem de fato feito estes serviços em Anchieta, tem muita reclamação e em um momento muito delicado”.
A Comunicação da Prefeitura informou através da Secretaria de Assistência que Paulo foi atendido este ano em janeiro e para receber a cesta é preciso agendar, e a nova forma é por bairro, cada dia uma região é agendada para evitar aglomeração de pessoas.
Por telefone: vagas limitadas
O atendimento no CRAS ocorre somente por telefone, as famílias precisam ligar nos dias determinados de atendimento de seus respectivos bairros para o telefone a partir das 8h, masas famílias realizam várias tentativas de contato e assim que conseguem serem atendidas a recepcionista relata que já encerrou os atendimentos. As famílias procuram o CRAS presencialmente, massão informados que atendimento só via telefone. Atualmente o CRAS disponibiliza 16 fichas por dia (segunda a quinta), contudo, aguardam visitas que nunca acontecem.
O cálculo é simples 16 vagas por 5 dias de semana são 320 cestas mês para minimizar essa demanda ao mês deveriam ofertar ao menos 600 cestas.
Serviços do Cras
Convém ressaltar que cabe ao Cras os serviços ao cidadão como o BPC – Benefício de Prestação Continuada, a Bolsa Família, o Cadastro único – todos com recursos federais.
O auxilio natalidade também fica por conta do Cras, como o auxílio funeral, o Vale Feira, a Cesta Básica e o Programa de Habitação, todos com recursos municipais.
Contudo, estes serviços para serem entregues ao cidadão Anchietense, atualmente, devem ser agendados por telefones, os números que a população não consegue ser atendida.
Vereadora pede explicações ao secretário de Assistência
A vereadora Márcia Cypriano Assad fez um requerimento a secretaria de Assistência Social pedindo que o secretário explique de forma clara como estão atendendo tantas comunidades em um só dia, se o comunicado do Cras, informa a população que as vagas são limitadas e o próprio jornal constatou ao ligar nesta tarde para lá.
Alguns moradores reclamaram com a vereadora que ligam e não são atendidos, antes das 9h00 da manhã não têm mais vagas.
Comunicado do Cras
Um comunicado do Cras foi disponibilizado aos moradores da cidade que diz o seguinte: “Em razão da pandemia do Coronavírus sobre os atendimentos dos serviços e programas do Centro de Referência de Assistência Social de Anchieta – Cras. Horário de funcionamento de 08h00 às 16h00 a partir de fevereiro.
No comunicado do Cras, segunda-feira é dia do agendamento por telefone da Área I que compreende as comunidades da Guanabara, Mãe-Bá, Nova Anchieta, Parati, Planalto, Recanto do Sol e Ubu, destacando que o atendimento começa às 8 e dura até o preenchimento das vagas, são 16.
Já terça-feira são 16 números para a área II que compreendem as comunidades: Alvorada, Benevente, Cantagalo, Chapada do A, Castelhanos, Justiça I e IV, Morro da Penha, Nova Esperança, Nova Jerusalém, Ponta dos Castelhanos, Portal de Anchieta, São Pedro e Vila Samarco.
Confira os agendamentos na imagem.
Compartilhe nas redes sociais