A Política “Game of Thrones” de Itapemirim

Para os fãs da série de maior sucesso na atualidade, Game of Thrones (Jogo dos Tronos, em português), criada por David Benioff e D. B. Weiss, nomes como: Stark, Baratheon, Lannister, Targaryen, Greyjoy, Tyrell e Bolton são bem conhecidos.

Esses são os sobrenomes das famílias nobres que, na série, são chamadas de “Casas”.

Portanto num resumo um pouco esdrúxulo: situada nos continentes fictícios de Westeros e Essos, a série centra-se no Trono de Ferro dos Sete Reinos e segue um enredo de alianças e conflitos entre as famílias nobres dinásticas, seja competindo para reivindicar o trono ou lutando pela independência do trono.

A Política "Game of Thrones" de Itapemirim
A Política “Game of Thrones” de Itapemirim

Saindo do período medieval da ficção e vindo para a realidade dos tempos atuais, nós chegamos em Itapemirim, no Espírito Santo, mas com uma realidade que se assemelha muito à série “Game of Thrones”.

O Município teve o seu primeiro Prefeito em 1893, o Sr. José Moreira Gomes, de lá para cá tivemos mais de 40 mandatos e nomes como: Peçanha, Alves, Paiva, Ayub, Cardoso, Hautequest, Bechara, Porto, Meirelles, Souza, Machado, Moreno, Soares, Rocha, dentre outros, alcançaram muito destaque.

Por se tratarem de famílias tradicionalíssimas da cidade e que já tiveram um, ou mais, Prefeitos governando a terra mãe do sul do Espírito Santo.

Não estou aqui querendo criticar ou ofender qualquer família, muito pelo contrário, temos muito o que agradecer.

Itapemirim Hoje

Cada uma, ao seu tempo e à sua maneira, contribuiu para termos a Itapemirim de hoje. Mas quero chamar a atenção para as alianças e conflitos que mudam constantemente e perduram até hoje.

Para ilustrar a teoria, vamos usar os mandatos dos últimos 30 anos, como exemplo.

Em 1989, Erivelto Porto Meirelles foi Prefeito, com Walmery Borges da Hora (Walmery do Cartório), vice; Em 1993, Jorge Cardoso Bechara foi Prefeito, com Alcino das Neves Cardoso, vice; Em 1997, Dinowalde Rodrigues Peçanha Júnior foi Prefeito, com Maria das Graças C. Hauquest, vice (Maria das Graças se tornou Prefeita em 1999, quando Dinowalde Jr foi assassinado a mando dos 2 irmãos, Gênesis e João Bosco Bechara); Em 2001, Alcino das Neves Cardoso se tornou Prefeito, com Manoel Otávio da Silva (Manoel do Cartório), vice; Em 2005, Norma Ayub Alves foi Prefeita por 2 mandatos, tendo como vice, Sandra Peçanha; Em 2013, Luciano de Paiva Alves foi Prefeito por 2 mandatos, tendo no primeiro, Viviane da Rocha Peçanha como vice e no segundo, Thiago Peçanha Lopes, que comanda o município desde 2017, quando Luciano foi afastado e posteriormente, cassado.

30 anos de governo em Itapemirim

Sem desmerecer, nem elogiar ninguém, afinal, esse não é objetivo aqui, você notou algo comum nesses últimos 30 anos de governo em Itapemirim?

Pois é, durante esse período, e mesmo antes dele, contudo as famílias tradicionais da cidade comandaram a política local e dos municípios “filhos”.

Ciranda infindável de alianças

Isso já acontece há mais de 100 anos, numa ciranda infindável de alianças e conflitos, muitas vezes sangrentos, bem como é no período medieval retratado na série “Game of Thrones”.

Uma coisa interessante da Democracia moderna é a impessoalidade.

Sangue Azul

A ideia é que os partidos substituam as “famílias nobres”, tendo como liga, não os laços sanguíneos ou poder financeiro, mas uma ideologia que os une e possibilita que mentes pensantes, com bons projetos para as Cidades, Estados ou Nação alcancem as posições de poder, mesmo que não tenham o “sangue azul”.

Contudo sei que essa não é uma realidade exclusiva de Itapemirim, ou de pequenos municípios capixabas, isso é do Brasil inteiro, mas porque não começar a evoluir nossa cabeça de eleitor por aqui?

Não há nada de errado num filho de uma família tradicional buscar o poder, o que está errado é um “plebeu” temê-lo.

Mais do que nunca a política precisa de ideologia séria, de projetos reais e de pessoas dispostas a trabalhar como empregados do povo, sejam eles filhos da “nobreza” ou filhos da “plebe”.